sábado, 29 de maio de 2010

POR QUE TRIÂNGULOS? SEM PRECONCEITOS.

Adegundes Maciel
Ao Comitê da SBPC-62ª Reunião Anual-Natal-julho.
INTRODUÇÃO: Com o advento das novas tecnologias, globalização, exigência do mercado de trabalho, comunicação digital em alta velocidade e tantas outras novidades, a Educação não poderia ficar “amargando” entre quatro paredes à quadro e giz, permanecer tradicional, fechando suas portas ao mundo Contemporâneo lá de fora. No ensino da Matemática, por exemplo, jogos educativos, softwares didáticos ou vídeos motivadores, são condimentos atrativos que ajudam os alunos na prática da aprendizagem. Não tem sido fácil admitir preconceitos aos vídeos em sala de aula: “o professor não quer dar aula hoje, vai passar um vídeo”, assim é tratado. Neste sentido, procuramos investigar o potencial do vídeo “Por que triângulos?” numa Escola Municipal do Recife, no Ensino Fundamental e PROJOVEM Urbano, antes de uma aula tradicional de Geometria. Até que ponto o rendimento desses alunos poderia ser beneficiado num ambiente de aprendizagem significativa? Nossa hipótese é que, em ambiente motivador e de contextualização, esses alunos obtenham um melhor aproveitamento na construção dos saberes, mesmo que seja em uma aula tradicional.
METODOLOGIA: A experiência aconteceu no auditório da Escola VG e mobilizou 38 alunos/turma sorteados. Metade destes para assistir ao vídeo (24’) para, logo após, assistirem à aula expositiva (9’) composta de Elementos Fundamentais e Classificação dos Triângulos, sem acompanhamento escrito pelos alunos, mas com pincel e lousa pelo professor. A outra metade não assistindo ao vídeo, participou da mesma aula expositiva do 1º grupo. Os dois grupos responderam um mesmo instrumento de 24 questões sobre conteúdo da aula expositiva. O vídeo confeccionado mostra imagens estratégicas dos triângulos em estruturas metálicas de cobertas e pilares na construção civil, objetos que impunham segurança e rigidez em suas articulações, assim como: cobertas do Aeroporto Guararapes e Centro de Convenções de Pernambuco, Parque de Diversões Mirabilândia, guindastes, torres de alta tensão... A importância dos triângulos no dia-a-dia, e a demonstração da sua singular propriedade de Rigidez – com a ajuda do “metro do pedreiro” e participação de alunos no ensaio–. O clipe tem duas paradas internas entre capítulos, para reflexões e interação com os alunos, relativo ao capítulo anterior, podendo ser pausado a qualquer momento, caso necessário.
RESULTADOS: Ninguém no auditório declarou já ter assistido algum vídeo de Matemática. Logo, a novidade foi marcante para o 1º grupo. Os alunos do IIº Ciclo que não assistiram ao vídeo antes da aula tradicional obtiveram uma média de 48% de acertos no instrumento de 24 questões, enquanto que, para os que assistiram ao vídeo foi de 81,5% de acertos, com uma vantagem de 33,5%. O rendimento a mais, proporcionado pelo vídeo aos alunos do PROJOVEM foi de 27,3%, percentual bem próximo da média geral obtidas pelas turmas de IIIº e IV Ciclos (26,3%). O que correspondeu uma média de rendimento global entre IIº, IIIº, IVº Ciclos e PROJOVEM de 29,03% a mais, para quem não assistiu o vídeo. Durante os intervalos que o filme proporciona, foram percebidos comentários a respeito dos triângulos no Parque de Diversões: “vou verificar, quando minha mãe me levar, quantos triângulos tem a roda gigante?” Inevitável que o Parque fosse o centro dos comentários, mostrando a presença incansável de triângulos a favor da segurança, impressionou as crianças, pois nunca imaginavam como eles eram importantes no funcionamento daqueles brinquedos. O capítulo final do vídeo mostrou os efeitos da propriedade de rigidez no triângulo e muitos precisavam testar com a prática também, quando o fizemos depois de assisti-lo.
CONCLUSÃO: Planejamento e estrutura bem montada torna o vídeo didático de Matemática, grande ferramenta no exercício do saber. O preconceito ficou vencido pelo apoio das novas tecnologias. Trabalhar com projetos é melhor que arriscar o imprevisto ou continuar com o “mesmismo” diante de um aluno que já entendeu essa mudança. A interação entre aluno/vídeo/professor (SERNA, 2000), é a condição magna para um vídeo didático. “Por que triângulos?” contextualizou no ensino da Geometria, mas acrescente ainda pela sua característica de mostrar várias aplicações do dia-a-dia, inclusive a de lazer das crianças – os triângulos impondo segurança aos movimentos da Roda-gigante ou Kamikaze no parque Mirabilândia–. As músicas e lugares bem atrativos puderam torná-lo motivador, capaz de promover o rendimento nos alunos à atenção dispensada, na aula tradicional. Concluímos que, no instrumento de vinte e quatro questões, quem assistiu ao vídeo acertou oito questões a mais em relação a quem não o assistiu. Que este material deva ser aproveitado em atividades da Geometria como ferramenta motivadora da aprendizagem. Vídeo-Didático não existe, mostre responsabilidade com competência para que esta prática o favoreça. Adote o contexto e motive seu aluno que a aprendizagem acontece e o preconceito desaparece.

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