sábado, 29 de maio de 2010

QUANTO CUSTA UMA VIDA FORA DE SEU HABITAT?

Maria Cardoso
Isla Alves
Anderson Oliveira
Ayrla Bezerra
Walkíria Santiago
Adegundes Maciel
Ao Comitê da SBPC-62ª Reunião Anual-Natal-julho
Introdução: O mundo evoluiu e o homem vem procurando se adaptar às verdadeiras mudanças sociais. O comportamento competitivo do mercado à formação do cidadão e as novas tecnologias favorecendo a comunicação digital, tem proporcionado mudanças na Escola Fundamental e a postura de seu professor diante dessas necessidades. A prática tradicional perdeu o seu espaço na sala de aula e o aluno já percebeu que deve tomar uma nova postura. O laboratório de Informática, por exemplo, ajuda alunos a complementar um trabalho de campo, com informações virtuais e possibilita a confecções de mídia, folders, folhetos e outros, socializando experiências com outros colegas. Saímos um pouco da sala de aula e continuamos trabalho anterior objetivando, desta vez, calcular despesas mensais de animais em cativeiro em Zoológico de Recife, praticando Operações Fundamentais, cálculos com moedas, vida de animais silvestres, alimentação e necessidades, num processo interdisciplinar entre Matemática/Biologia em ambiente de Biodiversidade e produzir uma mídia para socializar os resultados na Escola. Até que ponto vale apena privar um animal longe de seu habitat a satisfazer interesses humanos? Supostamente por um motivo justo, poderíamos aceitar com limites, uma atitude animalesca como esta. Mas qual seria este limite?
Metodologia: A experiência foi realizada no “Parque Zoo-botânico de Dois Irmãos” – Recife com alunos do 3º Ciclo da Escola VG. Duas aulas foram suficientes para mostrar o projeto do evento, como de preenchimento de questionário in loco para confeccionar relatório dos animais. Lápis e cadernos, por grupo. Oitenta alunos distribuídos em dezessete equipes puderam escolher até três animais para pesquisa. Os melhores trabalhos foram publicados na escola sob painel de apresentação – Verde-emburrachado. Estes foram organizados em folhas de papel A4 e colados, na qual estariam: foto da espécie silvestre, textos científicos e de despesas (por cativeiro) e foto da equipe responsável. Uma máquina digital registrou cada passagem dos grupos. Dois professores, três estudantes do Curso de Matemática e um de Biologia da FAINTVISA-PE coordenou o evento durante quatro horas. Cada equipe entrevistou a nutricionista responsável pelos cativeiros do Horto. Os cálculos das despesas e alimentos de 14 entre os 17 silvestres escolhidos (3 faleceram) e relatórios foram trabalhados em sala de aula. Para complementar os trabalhos, cada equipe utilizou a Internet em laboratório de Informática da Escola para colher dados e informações científicas de cada animal e ser publicada em folders e painel a comunidade escolar.
Resultados: Das atividades proferidas ficou evidente, nos alunos, muita motivação para a realização das entrevistas. A curiosidade e a contextualização dos cálculos que tiveram de ser executados, trouxeram uma novidade especial para grande parte das equipes. O único problema ficou por conta da nutricionista que era apenas uma a dar conta de todas as informações. Ninguém mais estava autorizado, mas com compreensão, procuramos colaborar para que todas as equipes contemplassem seus objetivos. Nenhuma poderia repetir o animal.
Destacamos despesas: entre o solitário Leão e o Tigre Siberiano praticamente iguais (R$ 1.300,00/mês); o Hipopótamo, que despertou as crianças, impressionou com uma despesa de R$6.000,00/mês, mas foram convencidas pelo seu tamanho como de maior porte do Zoológico; a Arara Juba tem a metade das despesas em relação às Araras Azuis que, com R$ 71,00/mês já sobrevivem 18 anos em cativeiro, fato curioso aos alunos “um animal tão importante e pouca despesa”; a Hárpia solitária comoveu a todos com sua beleza e com tão pouca despesa (R$ 26,00/mês); o Topete, com 129, a Anta com 240 e o Urso com 730 reais/mês chamaram menos atenção que a Jibóia Albina que aferia apenas R$ 7,00/mês. “Acho que mamãe criaria uma jibóia, pois comeria menos que meu gato” – brincava um dos alunos.
Conclusão: Contextualizar na Biologia e na Matemática as Operações Fundamentais com moedas, não foi difícil. Difícil foi tentar mostrar às crianças dentro de uma Biodiversidade, a presença de cativeiros, onde mostramos os números, mas também, a amargura da prisão reprovada por todos. Já para os adolescentes, a compreensão de que aproximar os animais silvestres, nessas circunstâncias, até que nos ajuda a refletir, criticar, construir opinião, compreender, ou também educar para o sentido da liberdade da espécie para a natureza. A notícia de óbito (natural) da Onça, do Macaco Reshus e de um Rato, nos deixa dúvida por mais que provem o contrário, da forma a qual seria viver na prisão. Coletamos os dados e montamos uma mídia em mural de exposição na Escola. Nos folders-relatórios proferidos, acompanhamos as críticas dos alunos, mas não foi possível encontrar em qual limite um animal poderia viver em cativeiro sob prisão perpétua, como a nossa Onça que nasceu e morreu, e que nunca sentiu o prazer da liberdade. "Suprima o pedestal, de repente você estará ao nível das crianças. Você as verá não com olhos de pedagogos e chefes, mas com olhos de homens e crianças, e com este ato você reduzirá seguidamente a perigosa separação entre aluno e professor que existe na escola tradicional" (FREINET, 1977).

POR QUE TRIÂNGULOS? SEM PRECONCEITOS.

Adegundes Maciel
Ao Comitê da SBPC-62ª Reunião Anual-Natal-julho.
INTRODUÇÃO: Com o advento das novas tecnologias, globalização, exigência do mercado de trabalho, comunicação digital em alta velocidade e tantas outras novidades, a Educação não poderia ficar “amargando” entre quatro paredes à quadro e giz, permanecer tradicional, fechando suas portas ao mundo Contemporâneo lá de fora. No ensino da Matemática, por exemplo, jogos educativos, softwares didáticos ou vídeos motivadores, são condimentos atrativos que ajudam os alunos na prática da aprendizagem. Não tem sido fácil admitir preconceitos aos vídeos em sala de aula: “o professor não quer dar aula hoje, vai passar um vídeo”, assim é tratado. Neste sentido, procuramos investigar o potencial do vídeo “Por que triângulos?” numa Escola Municipal do Recife, no Ensino Fundamental e PROJOVEM Urbano, antes de uma aula tradicional de Geometria. Até que ponto o rendimento desses alunos poderia ser beneficiado num ambiente de aprendizagem significativa? Nossa hipótese é que, em ambiente motivador e de contextualização, esses alunos obtenham um melhor aproveitamento na construção dos saberes, mesmo que seja em uma aula tradicional.
METODOLOGIA: A experiência aconteceu no auditório da Escola VG e mobilizou 38 alunos/turma sorteados. Metade destes para assistir ao vídeo (24’) para, logo após, assistirem à aula expositiva (9’) composta de Elementos Fundamentais e Classificação dos Triângulos, sem acompanhamento escrito pelos alunos, mas com pincel e lousa pelo professor. A outra metade não assistindo ao vídeo, participou da mesma aula expositiva do 1º grupo. Os dois grupos responderam um mesmo instrumento de 24 questões sobre conteúdo da aula expositiva. O vídeo confeccionado mostra imagens estratégicas dos triângulos em estruturas metálicas de cobertas e pilares na construção civil, objetos que impunham segurança e rigidez em suas articulações, assim como: cobertas do Aeroporto Guararapes e Centro de Convenções de Pernambuco, Parque de Diversões Mirabilândia, guindastes, torres de alta tensão... A importância dos triângulos no dia-a-dia, e a demonstração da sua singular propriedade de Rigidez – com a ajuda do “metro do pedreiro” e participação de alunos no ensaio–. O clipe tem duas paradas internas entre capítulos, para reflexões e interação com os alunos, relativo ao capítulo anterior, podendo ser pausado a qualquer momento, caso necessário.
RESULTADOS: Ninguém no auditório declarou já ter assistido algum vídeo de Matemática. Logo, a novidade foi marcante para o 1º grupo. Os alunos do IIº Ciclo que não assistiram ao vídeo antes da aula tradicional obtiveram uma média de 48% de acertos no instrumento de 24 questões, enquanto que, para os que assistiram ao vídeo foi de 81,5% de acertos, com uma vantagem de 33,5%. O rendimento a mais, proporcionado pelo vídeo aos alunos do PROJOVEM foi de 27,3%, percentual bem próximo da média geral obtidas pelas turmas de IIIº e IV Ciclos (26,3%). O que correspondeu uma média de rendimento global entre IIº, IIIº, IVº Ciclos e PROJOVEM de 29,03% a mais, para quem não assistiu o vídeo. Durante os intervalos que o filme proporciona, foram percebidos comentários a respeito dos triângulos no Parque de Diversões: “vou verificar, quando minha mãe me levar, quantos triângulos tem a roda gigante?” Inevitável que o Parque fosse o centro dos comentários, mostrando a presença incansável de triângulos a favor da segurança, impressionou as crianças, pois nunca imaginavam como eles eram importantes no funcionamento daqueles brinquedos. O capítulo final do vídeo mostrou os efeitos da propriedade de rigidez no triângulo e muitos precisavam testar com a prática também, quando o fizemos depois de assisti-lo.
CONCLUSÃO: Planejamento e estrutura bem montada torna o vídeo didático de Matemática, grande ferramenta no exercício do saber. O preconceito ficou vencido pelo apoio das novas tecnologias. Trabalhar com projetos é melhor que arriscar o imprevisto ou continuar com o “mesmismo” diante de um aluno que já entendeu essa mudança. A interação entre aluno/vídeo/professor (SERNA, 2000), é a condição magna para um vídeo didático. “Por que triângulos?” contextualizou no ensino da Geometria, mas acrescente ainda pela sua característica de mostrar várias aplicações do dia-a-dia, inclusive a de lazer das crianças – os triângulos impondo segurança aos movimentos da Roda-gigante ou Kamikaze no parque Mirabilândia–. As músicas e lugares bem atrativos puderam torná-lo motivador, capaz de promover o rendimento nos alunos à atenção dispensada, na aula tradicional. Concluímos que, no instrumento de vinte e quatro questões, quem assistiu ao vídeo acertou oito questões a mais em relação a quem não o assistiu. Que este material deva ser aproveitado em atividades da Geometria como ferramenta motivadora da aprendizagem. Vídeo-Didático não existe, mostre responsabilidade com competência para que esta prática o favoreça. Adote o contexto e motive seu aluno que a aprendizagem acontece e o preconceito desaparece.